domingo, 3 de novembro de 2013

Violeta

Muito mais que uma cor, muito mais que uma flor, Violeta é o nome da minha vó. Minha vó Violeta acaba de completar suas 90 primaveras. Imagino o que é viver noventa anos... Provavelmente nos primeiros 30 anos os conflitos aparecem, nos outros 30 anos tentamos resolver e nos próximos 30 acho que nem nos importamos mais com isso. Sei disso porque minha vó me fala sempre sobre "deixar passar", "deixar pra lá", "fingir que não viu, que não ouviu", em ajudar as pessoas, em agradar as pessoas, em ser bom. Sempre me fala da importância da família, de cuidar das pessoas que amamos, de tomar chá de boldo se der problema do estômago. Sempre me diz que "saco vazio não para em pé", que "mentira tem perna curta" e que "respeito vem em primeiro lugar".
 
Os 90 anos não afetaram suas idéias mas infelizmente já dão sinais de fraqueza no corpo, fazendo com que suas atividades fiquem limitadas e que seja atendida numa casa de repouso. Hoje, o tempo que passo com ela é bem reduzido, nossas conversas são rápidas e interrompidas por pessoas que passam. Algumas partes se perdem porque ela já não me ouve bem e algumas coisas ela já não lembra. Mas eu não esqueço.
 
Não esqueço jamais das longas conversas que tínhamos quando eu ia "posar na vó". Dávamos risadas aos montes enquanto apreciávamos o vestido da Hebe na tv. Ela me dizia para tomar banho e por pijama para jantarmos. Sempre caprichava, conseguia com muito pouco fazer muito. Jantávamos e íamos para o sofá. Eu nem bem sentava e ela já vinha com um cobertor pra mim e com a agulha de crochê para ela. Não demorava muito e lá vinha ela com um chazinho de melissa que eu adorava, colhido no quintal. Às vezes eu dormia no sofá e minha vó me acordava com muito jeito pra ir pra cama. As cobertas de cama sempre cheiravam à guardadas porque (ela não me dizia, mas eu sempre percebi) ela deixava guardadas as melhores cobertas e só as usava quando eu ia dormir lá. Sempre deixava mais cobertores comigo do que com ela e fazia questão de que eu dormisse na cama mais macia.
 
Quando era de manhã ela levantava pé por pé para não me acordar, eu sempre acordava mas nunca deixei que ela visse porque isso a deixava muito chateada. Eu ficava de olhos fechados e muitas vezes a espiava. Sempre gostei de observar minha vó. Ela arrumava a cama antes de qualquer coisa e sentava na penteadeira para pentear os cabelos com um pente antigo e velhinho, um pente verde de plástico. Esperava ela sair do quarto e deixava passar algum tempo pra que ela não achasse que foi ela que me acordou.
 
Logo que ela ouvia movimento meu, indo ao banheiro para escovar os dentes, ela fazia a mágica: eu saia do banheiro e ia na cozinha dar bom dia a ela e lá estava, sempre, o chá de melissa do quintal quentinho, o leite quentinho, pão com margarina quentinho e bolinho de banana frito na hora. Como uma mágica. Era perfeito. E os mimos se estendiam por todo o tempo que eu estivesse por lá. Quando não tinha o que oferecer, colhia amoras no quintal e me levava num potinho. Tudo isso ao som da voz inconfundível da Ana Maria Braga apresentando o programa Note e Anote na Record. Era um programa que passava a manhã todinha com receitas e muito artesanato. Minha vó simplesmente adorava e eu sempre assistia com ela e pra ela. Assisti pra ela porque ela tinha que se ausentar de tempo em tempo pra cuidar das panelas pro almoço. Me deixava com um caderninho e uma caneta pra que eu anotasse enquanto ela estava na cozinha. Então, ela voltava e me pedia que contasse a ela o que ela havia perdido. Assim passávamos as manhãs. Logo o almoço ficava pronto e lá vinha ela com uma comida deliciosa.
 
 Às vezes me pergunto se todas as "vós" são assim. Como tenho saudades da comida dela, do cheiro das cobertas dela, dos móveis antigos, dos mimos sempre muito simples mas tão grandiosos pra mim. Posei na vó até quando foi possível, durante a faculdade ainda arrumei tempo pra isso, era especial demais. O amor de vó é um amor impressionante, um amor que faz nos sentirmos os heróis de nós mesmos, faz acreditarmos que somos especiais e únicos. Lá os problemas diminuíam, não existiam cobranças e nem repreensões, lá eu estava protegida.
 
Lembranças de infância são tão puras... lembro que minha maior preocupação era decorar o questionário de história para ir bem na prova, a bendita história que me atormentou a vida toda. E depois disso não tem como não comentar: Imagine se nossa maior preocupação hoje fosse decorar um questionário de história! Aaahh, como a infância é boa, como ela fica melhor ainda com uma vó!
Hoje, o que eu mais queria era a leveza que eu sentia quando estava com ela na casa dela. Queria muito ainda poder dizer: Tchau todo mundo! Vou posar na vó...

sábado, 24 de agosto de 2013

O sapato e o leite quente

Enquanto eu comia distraída alguém me observava. Um alguénzinho. (ele era realmente pequeno, menor que minhas pernas)
Quando percebi que me olhava muito, olhei de novo e sorri. Ele não sorriu de volta. Acho que eu mereci ficar sem um sorriso, afinal meu sorriso não foi verdadeiro. Sorrisos falsos deveriam ficar guardados. A quem quero enganar? A uma criança de 1 ano??
Eu olhava nos olhos dele e pensava: "Você é tão pequeno... não sabe nem falar ainda... Nossa, você tem uma vida inteira pela frente, vai ouvir muitas coisas que não gostaria, vai falar coisas demais, vai presenciar muita coisa... vai doer muito... Você não imagina o que te espera nos próximos 30 anos..."
Não, não não!! Eu não desejei nada de mal pra ele, eu não praguejei... Antes fosse praga minha (duvido que pegasse, não sou boa nisso). Imediatamente após esses pensamentos já mandei outros: "Que Deus te abençoe e você tenha uma vida iluminada, que sofra o menos possível, que seja um bom pai, um bom marido, uma boa pessoa. Que saiba achar graça nas coisas e não sinta o peso da vida, que tenha amigos verdadeiros, que não se iluda, que não substime ninguém, que não superestime ninguém, que tenha uma vida bonita..."
Enquanto eu pensava esse turbilhão de coisas entrelaçadas, o menininho não devia estar pensando em muita coisa além de como acertar a boca no garfo cheio de comida que sua mãe apontava pra ele.
Será que as coisas têm conserto?
As coisas podem mudar?
Pensei nisso antes de encontrar o menininho observador. Eu tinha ido ao sapateiro. Levei alguns sapatos que estavam me machucando. O sapateiro experiente falava com muita propriedade dos motivos de me incomodarem. Depois me contou sobre a "forma" onde colocaria meus sapatos. É uma "máquina" onde os sapatos são colocados por 4 horas e são alargados. Ficam como nunca foram, como nunca foram desde o início.
Isso acontece no mundo dos sapatos... Existe alguém que te diz porque ele te machuca e porque você sente dor, te aponta os erros, te dá as soluções e te devolve algo completamente reformulado dentro de 4 horas...
Algumas vezes a máquina de alargar seria espetacular para abrir a mente, a alma, o coração. (Em alguns momentos não conseguimos suportar o que temos no peito, na garganta ou na cabeça e ficamos a ponto de explodir. O mundo dos sapatos e dos sapateiros...)
Não somos inanimados. Somos como leite quente.
Sentimos tudo esquentar. Sentimos tudo esquentar demais. Levantamos fervura e extravasamos. Baixamos nossos ânimos de novo. Depois da fervura perdemos um pouco de nós. E depois de novo e de novo, se o fogo não cessar... E ficamos reduzidos a um tamanho que não extravasa mais, só ferve e evapora... e vai sumindo aos poucos...
Esse fogo que nos reduz é a pressão que sentimos e o peso sobre nossos ombros. Pessoas que sabem voar não sentem isso. Eu ainda vou descobrir como colocar essas asas. Ainda vou descobrir o segredo da leveza, o segredo de não se abater...
Ainda vou aprender a não romantizar as pessoas e a vida. Ainda vou ter coragem de assumir o que vejo, ainda vou conseguir um "alargador" de coração e deixar as coisas mais soltas dentro dele.
Ainda vou me tornar uma criança de 1 ano e me preocupar apenas com a comida enquanto estiver comendo...
Ainda vou aprender a acabar com o fogo antes de me deixar ferver e me sentir menor depois disso.
Ainda vou ser mais fiel aos meus tantos pensamentos.
Ainda criarei asas.
 
(Ainda criarei asas, e voarei alto, pra onde as lembranças não me atormentem, pra onde as dores não me alcancem, pra onde não terei tempo de criar expectativas. Voarei muito alto, até colocar os pés no chão)
 

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Tudo escrachado (texto "nas coxa") e saco cheio

Se arrependimento matasse... o mundo seria inabitado, isso sim. Que levante a mão quem não mete os pés pelas mãos e se arrepende depois. Que levante a mão quem não deu um pontapé em alguém e sabia que não devia ter feito...
A coisa está tão virada que a gente sai atropelando tudo e às vezes atropela pessoas. E às vezes saímos dispensando tempo e atenção às coisas erradas. E o tempo não volta.
Já se tornou até chato falar que o tempo não volta, que a vida é uma só, que temos que valorizar as pessoas que nos valorizam mas, infelizmente, mesmo isso sendo falado constantemente nada muda.
Continuamos criando expectativas e nos machucando. Continuamos esperando demais. Continuamos nos apoiando em motivos rasos, em pessoas superficiais, em ilusões. Continuamos fingindo não enxergar coisas importantes e continuamos nos desculpando por sermos egoístas. Continuamos sendo venenosos, rudes, injustos. Continuamos nos envergonhando de uma atitude ou outra.
A gente pisa na bola.
E geralmente a corda arrebenta do lado mais frágil: Com pessoas que estão sempre por perto, que se preocupam conosco, que fazem questão da nossa presença, que não mereciam nosso descaso.
É muito mais fácil ser insensível com quem está do seu lado sempre. De bobos não temos nada. Não chutamos a boca de quem não temos certeza do afeto por nós. É muito confortante dar o chute em alguém que volta. Isso é o que faz o ser humano ser esse monte de porcaria que é quando resolve mostrar seu lado mais sujo.
O ser humano pode ser lindo, caridoso, solidário, verdadeiro... Coisa linda de se ver! Mas quando deixa escapar seu egoísmo...
É por essas e outras que as pessoas sofrem desnecessariamente. É muito ego. É muito orgulho. É muito jogo. É vingança, é descaso, é muita idiotice.
É de perder as esperanças.
Mas antes mesmo de concluir esse pensamento, o otimismo toma conta e criamos forças pra acreditar que pode ser diferente.
Saimos sendo amáveis e corteses, pacienciosos e compreensivos, meigos e queridos... e aí?? Sabe o que acontece?? Recebemos mais chute, pontapé, tapa na cara que pudéssemos imaginar ser possível.
É a velha e chucra história: Você é "bonzinho" e montam em você (no trabalho, na família, no relacionamentos com amigos e na vida afetiva).
A indignação e a revolta está aí. É dificil ponderar nessa guerra. Quanto mais você cede, mais querem que você ceda. Quando você abre os olhos, vê que está se doando bastante e recebendo pouco.
E dói...
Dói porque somos burros. Acreditamos no lado lindo do ser humano, sendo que o que ele mais quer é uma oportunidade pra te usar de escada, de estepe, ou seja lá o que for.
As pessoas tem interesses. Seja da natureza que for. Umas ainda são generosas e querem fazer algo por outras pessoas, e outras só querem sugar.
E isso tudo não é novidade também. É por isso tanta depressão, tanta desilusão, tanta gente de mau humor. Mundinho escrachado esse.
Ainda bem que sobram os momentos de verdade e afeição pra manter viva a chama da esperança porque não é fácil não.
Esse seria um bom momento para refletirmos e percebermos quando somos injustos, no entanto, cansa rever nossos erros e nos culparmos o tempo todo. É difícil demais carregar fardos sozinho, querer ter comportamento exemplar, querer suportar tudo e relevar tudo. Não dá.
Tem horas que cansa tentar ser melhor, tem horas que é hora das pessoas ao nosso redor melhorarem também.

(Devo desculpas a muitas pessoas, um milhão delas... mas hoje é meu dia de estar certa... só hoje)
 

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Vida "sem" mistérios

"A vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida."
A vida é irônica às vezes... Na verdade a vida é irônica muitas vezes.
E você se pega surpreso quando as coisas tomam rumo diferente do esperado. Coisas certas só são certas até deixarem de ser. As voltas que a vida dá são suficientes pra sacudir tudo. São suficientes pra te desestabilizar, te balançar e te fazer sentir medo. São suficientes pra te fazer mudar de lugar, mudar de idéia, mudar os planos, se afastar de algumas pessoas e te aproximar de outras em momentos que nunca sonhou que existiriam. E às vezes ainda te trazem de volta pra lugares e para pessoas de forma inexplicável.

Todas as voltas que a vida dá te fazem se perder e se encontrar, te levam pro lugar certo na hora certa. Quer coisa mais fantástica que isso? Nesse lugar certo e nessa hora certa vai estar a pessoa certa.
E se demorar um pouco pra tudo se encaixar, e se a vida der voltas demais, e se isso tudo te causar tontura de frustração, saiba que as coisas devem ser exatamente como são. Que foram como deveriam ter sido, e serão como devem ser.
Não se apresse, o caminho deve ser tão prazeroso como a chegada. É o que eu acredito. Acredito nos encontros que devem acontecer, nos erros que devemos cometer, nas dores que devemos sentir para estarmos prontos para nosso destino. E quando tudo estiver prestes a acontecer, você vai perceber que tudo flui e nada precisa ser feito.
Tudo se encaixa, se acomoda, acontece de forma perfeita. Não existe o que possa impedir essa força. Você vai ver as forças universais operando, vai ver que não precisa esforço, vai ter certeza que a vida te sacudiu o suficiente pra você ser quem você é, e que muitas dores que pareciam verdadeiros carrascos foram importantes pra você valorizar as pessoas, pra você levar tapa na cara e deixar de achar que tem razão sempre, pra você descobrir que é menor do que imaginava e muito maior do que parecia. Essa caminhada te dá oportunidade de crescer, de aprender, de saber como lidar com surpresas da vida. E então você percebe que nunca estará pronto, e não mesmo.
Totalmente pronto pra vida ninguém está. É tristeza demais, é alegria demais. Mas você estará pronto pra viver o que tem que viver, pra tornar real o que sempre sonhou, pra chegar onde sempre quis, e isso tudo, da melhor forma possível, se você se esforçar.
E prepare-se, você levará rasteiras da vida. Quem sabe você ache que a queda foi forte demais, mas isso apenas até que se levante e perceba o quanto você é forte. Perceba que a vida te prepara pra supertar o que tem que suportar.
E alegre-se, você receberá verdadeiros presentes da vida! Quem sabe você ache que é muito pra você, mas isso apenas até que você olhe pra trás e perceba o quanto você é merecedor. Perceba que a vida te recompensa pelas pedras no caminho.
Todo mundo tem sua hora de chorar e sua hora de sorrir. 
E quando o motivo pra sorrir for um presente dado pela vida... Ahhhh, esse sorriso te preenche de tal forma que tudo de ruim fica pra trás! Você aceita a dor que teve, aceita as dificuldades, e simplesmente agradece e comemora!
Tudo isso não passa de um monte de palavras ao vento de alguém que não entende nada da vida mas que pode garantir que as rasteiras existem, e os presentes, mais ainda!

terça-feira, 16 de julho de 2013

Meu violino e minhas batidas

Você ouve o violino? Sim, exatamente agora um violino toca... Trilha sonora que escolhemos para nossos momentos. Escolhi violino... e uma batida forte e ritmada, às vezes descompassada, para embalar a história que eu vou contar um dia: a história da minha vida. E enquanto o violino grita e as batidas aceleram, meu coração pára de ansiedade e curiosidade: Como é a história da minha vida?
 
Imagino uma caminhada em que muitas vezes olhamos apenas nosso umbigo. E olhamos para onde convém e vemos o que interessa. Cada um escolhe uma direção e segue correndo, segue em arrastos, segue parado, segue de ré, cava um buraco, dá saltos... segue empurrado.
 
Imagino esta caminhada... Imagino quando damos a oportunidade a nós mesmos de olhar pros lados, de reconhecer o mundo, de encarar a vida, de encarar a vida acontecendo o tempo todo em todos os lugares. Imagino nos deixarmos contagiar pela realidade da vida de todo mundo. Imagino a paz sem tamanho que sentiríamos, a felicidade sem tamanho que sentiríamos e imagino a dor entalada na garganta de todo mundo.
 
Imagino se estendêssemos a mão, se déssemos as mãos, se desgruzássemos as mãos. Imagino a dor compartilhada, imagino o medo acalmado, imagino as dores sendo solidariamente divididas, imagino corações confortados e olhos se enchendo de esperança. Só há verdade na vida quando os momentos são divididos.
 
Imagino o ser humano sendo invadido por um amor explosivo, imenso e luminoso. Imagino essa luz cegando a inveja e o egoísmo. Imagino o ser humano sem umbigo, imagino olharmos dentro dos olhos uns dos outros. Imagino abraços fraternos. Imagino canções cantadas com emoção numa só voz. E imagino muito choro. Muitas lágrimas de alegria inigualável!! Sorrisos e lágrimas de felicidade por sentirmos que estamos todos juntos na mesma jornada e que não precisamos nos sentir sós.
 
As batidas aceleram ainda mais, o violino não pára nunca... A história da minha vida continua sendo contada.
 
Então olhamos para os lados... Vejo um beijo apaixonado que não termina, vejo um leito de morte, vejo alguém perdendo o emprego, vejo a primeira respiração de um recém-nascido. Vejo o primeiro coração partido, vejo almoço de domingo com a família, vejo irmãos que não se falam há anos, vejo filhos sem pais, vejo um pedido de casamento, vejo uma aprovação no vestibular, vejo o resultado de um exame positivo de gravidez, vejo um exame negativo de gradivez. Vejo uma discussão, um abraço de reconciliação, um grito de dor, um tapa na cara, vejo vingança, vejo um linda viagem, vejo insônia, vejo de tudo... vejo o que todo mundo vê... sinto o que todo mundo sente...
 
O mundo está repleto de vida, a vida está repleta de sentimento... Você pode sentir??
 
Deixe o som do violino da vida entrar por seus ouvidos e não tente evitar que as vibrações tomem conta de você por inteiro. Não interrompa sua conexão com esse universo. Envolva-se, cientize-se. Faça sua parte. Sinta-se vivo. Permita-se saber do que é capaz.
 
Grite!!! Grite!!! Grite!!! A vida é o mistério mais maravilhoso que existe!!
Tudo faz sentido.
 
Tudo tem explicação.
Tudo se encaixa.
Tudo tem consequência.
Tudo tem uma razão.

 
Deixe o violino tocar, deixe a vida te tocar.
Sinta a dádiva de estar vivo.
Aconchegue-se no peito de alguém que se ama e encoste seu ouvido na direção do coração, ouça as batidas... e sorria. Estar vivo é emocionante de maneira insuportável.
 
A Vida está no vento que sopra, a vida está em tudo que pode ser imaginado, está em tudo que se pode criar. A vida está onde quisermos. Nossa motivação está onde quisermos, onde nosso coração bate mais forte. Ouça o violino, ouça as batidas...
 

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Roleta Russa

Você fechou os olhos para não ver mas sabia do que se tratava. Era mais uma cega tentativa de encontrar o caminho ideal.  E não deu certo não foi?? E não deu certo...
Você ao menos desistiu de correr esse perigo bobo e de brincar com coisa séria? Você ao menos vai ser mais cautelosa e mais realista na próxima vez?
Eu sei que não...
Você é como uma roleta russa achando ser um carrosel. Não, não são cavalinhos coloridos que sobem e descem rodando em círculo ao som de uma musiquinha irritante para sempre. Você é mais ousada na escolha, você é mais inconsequente na escolha. Roleta Russa menina??
Você é que sabe de si. Você é que se propõe a ir longe e sem medir dificuldades, você que sai de pés descalços e coração aberto em meio a tanta confusão.
Eu tenho medo por você, tenho medo do que possa lhe acontecer, do que possa nunca acontecer. Muitas vezes receio que você desista ou que persista quando não é hora. Eu tenho medo de ouvir o seu choro abafado e não poder enxugar suas lágrimas. Eu tenho medo que essa certeza que você carrega possa te derrubar e te causar um calo com bolha (daqueles que não te permite mais continuar).
Às vezes você me assusta. Você quer ir muito longe sem uma bússola, sem mapa, sem referências. E você vai, sabemos que vai. Eu ainda não sei ao certo o que te prende, você é tão difícil de entender. Você me surpreende frequentemente com suas expansões de pensamento, com suas idéias esquisitas, com seus planos infalíveis e suas histórias malucas.
Eu me preocupo com sua energia, até onde ela pode te levar? Mas o mais preocupante é se essa energia pode te trazer de volta caso queira voltar...
Você não tem nada de mim às vezes... Você não tem nada de você às vezes...
Eu não sei como consegue se multiplicar e se agrupar novamente em questão de minutos. Eu não sei como consegue segurar tanta explosão dentro do peito e consegue andar por aí disfarçada de ninguém, passar despercebida e ainda incomodar! Você me faz rir muitas vezes. Você brinca de roleta russa porque sabe o que quer. Você arrisca seu coração sem pestanejar, e eu, fico esvaziando o tambor do 38 todos os dias...

Nós duas

Aos meus olhos eu nunca deixo de ser interessante, por isso sou minha melhor e mais fiel companhia. Eu nunca vou lutar por alguma coisa com tanta força como luto pelo que acredito. Nunca ninguém lutará pelos meus ideais, nunca ninguém vai abrir mão de seus sonhos pelos meus. Eu serei sempre minha melhor amiga, a mais íntima, a mais leal, a mais maluca... eu me conheço como ninguém. Nunca alguém poderá compreender o caminho escolhido por mim, nunca ninguém saberá a intensidade de ser eu mesma. Eu sozinha comigo é tão aconchegante, é tão romântico! Eu penso comigo mesma. Eu me chateio comigo mesma. Eu me perdôo, eu não podo minhas asas. Eu rio de mim mesma, eu choro e eu mesma enxugo minhas lágrimas. Não, isso não é solidão. Isso é intimidade, a maior de todas. Eu me vejo, me ouço, me cheiro, me gosto, me idealizo, me sonho, me conquisto, me magôo, me presenteio, me persigo, me boicoto, me conheço. E eu me viro com minhas loucuras, minhas guerras, minhas festas, minhas comemorações. Eu vibro comigo, eu me desafio e ganho! Eu ponho pingos nos meu "is", eu aparo minhas arestas, eu me viro do meu jeito. E meus pensamentos me levam longe e sempre aprendo comigo mesma. Eu entendo meu funcionamento e tenho a liberdade de funcionar de mil maneiras. Eu me encho de alegrias e de angústias e também me esvazio. Eu recarrego minhas pilhas e me deixo no cantinho quando preciso. Eu sou minha energia, minha força, minha alegria, minha vitória! De mim vejo brotar coisas boas, coisas lindas! Eu amo meu sorriso, meu olhar apaixonado, meu jeito debochado, minha meninice, minha mesmice, meu jeito de ser e de cativar, eu amo ser minha companhia permanente. Somos nós duas para sempre! E eu sou muito feliz porque eu escolhi bem!

(O momento de amarmos a nós mesmos não deve acabar nunca, no entando, sou muito grata a todos meus verdadeiros amigos, amigas e a minha família que me apoiaram sempre que puderam e como puderam. Também sou grata ao meu amor, que além de me namorar e enamorar, me faz agradável companhia. Reconheço a importância da companhia em nossas vidas, assim como reconheço a importância que devemos ter para nós mesmos).

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Faz-me cócegas

Os anos vão passando e além de mais velhos vamos ficando mais experientes, mais "cascas grossa", mais espertos, mais maduros... Pelo menos era o que eu achava. Dia vem e dia vai eu vejo que seria muito mais fácil se as coisas realmente acontecessem assim. Os anos vão passando e além de mais velhos vamos ficando mais desiludidos, mais desconfiados, mais descrentes, mais intolerantes e mais complicados. Perdemos a ingenuidade da juventude e ganhamos mau humor. Mais vividos sim! Isso nós vamos ficando mesmo, mas, vamos ficando mais ranzinzas, mais donos da verdade, mais donos de si, mais impiedosos. Quando nos damos conta, toda essa adolecência tardia que nos ataca nos faz sofrer como adolescentes, nos faz agir como bobalhões, nos faz enxergar que os anos passam e o nosso íntimo continua um bebê sedento por cuidado, por carinho, atenção, compreenção, compaixão, por amor, um amor para sempre...
Os anos continuam passando e além de mais velhos vamos ficando mais carentes de bondade, de verdade, de amizade, de paz, de um alguém pra te segurar a mão quando tiver medo. O tempo passa e o ser humano não fica mais forte, mais intransponível, mais seguro. Ele fica mais armado, mais disfarçado, mais convincente. No fundo, ele fica mais ciente da vida, percebe o que realmente importa, deseja simplesmente estar a salvo das tristezas do mundo, deseja ter um colo certo, deseja ter seu porto seguro.
Os anos continuam passando e além de mais velhos vamos ficando mais desnudos, vamos nos fechando por fora e nos abrindo por dentro, vamos ficando com nossas almas mais a mostra, vamos ficando mais a flor da pele, vamos ficando "no vivo". As informações, as palavras e os acontecimentos são mais claros, são mais diretos, são mais intensos. O desejo de ser feliz é o único que passa a existir dentro de nós, mesmo que pra isso seja necessário mudar valores e pontos de vista, que seja necessário mudar ou abandonar o emprego, que seja necessário mudar de casa, que seja necessário mudar os pensamentos, as abordagens. O desejo de ser feliz (e só isso) vem cada vez mais forte e o desejo de fazer isso acontecer faz almas rudes perderem a dureza, corações duros amolecerem, cabeças duras ficarem flexíveis, mentes agressivas ficarem dóceis. Faz picuinhas vivarem piadas, e desavenças virarem aprendizado, faz ofenças serem desconsideradas, faz besteiras serem relevadas.
Os anos vão passando e além de mais velhos vamos ficando mais ansiosos, vamos percebendo que a vida vai passando e perder tempo com coisas banais é o maior erro do mundo. Nossas almas sentem frio, sentem saudades, sentem medo... Mas se se é feliz, nossas almas sentem calor, sentem-se plenas, sentem segurança, sentem cócegas!
Cócegas na alma é que o porto seguro nos faz sentir! Um misto de riso, risada, brincadeira, leveza, tranquilidade, satisfação, felicidade, resplendor, euforia, contentamento e a certeza de que a vida vale a pena.
Os anos vão passando e além de mais velhos vamos ficando mais pressionados por nós mesmos, vamos sendo mais cobrados por nós mesmos e vamos entendendo cada vez mais que a decisão de ser feliz cabe a cada um. Vamos tendo mais certeza que a complexidade da vida deve ser desfeita em nossas cabeças e o tato para lidar com as dificuldades vem da nossa vontade de fazer as coisas darem certo. Vamos nos dando conta que tudo depende de nós, que não é fácil mas não é impossível, que ser feliz é mais gostoso. Vamos perdendo tanta coisa, tanta oportunidade e tantas pessoas que percebemos que nada é eterno. Percebemos que eterno é o desejo do ser humano de ser feliz, e, se isso é eterno é porque é a única coisa que podemos estar certos: a vida é curta demais para brigarmos por status, por posições, por orgulho, pra ganharmos a discussão, pra nos mantermos irredutíveis.
Os anos vão passando e além de mais velhos vamos nos deparando com a realidade da vida: ou você é feliz agora ou você pode se arrepender eternamente. Vamos relevando, baixando a cabeça, deixando passar, retrucamos menos, abraçamos mais, perdoamos mais, valorizamos mais a companhia das pessoas que amamos.
Os anos vão passando e além de mais velhos vamos ficando mais arrependidos de não termos voltado atrás quando fomos injustos, de não termos agradecido um belo gesto, de não termos relevado erros, de não termos deixado nosso orgulho de lado evitando dor. Ficamos mais arrependidos de não termos dado mais risadas ao invés de termos dado respostas rudes, de não termos abraçado ao invés de dar de dedo, de não termos aproveitado os momentos que nunca teremos de volta. Vamos nos arrependendo de termos dito poucos "eu te amo" e poucos "me desculpa"...
Os anos vão passando e além de mais velha eu vou ficando mais chata, mais convencida de que eu amo ser amada, mais convencida de que amar e ser amada é ser feliz, mais lamuriosa, exigindo em pensamentos: -Vem logo, meu porto seguro...
 
 
 
(Se você tem seu porto seguro cuide dele(a) com cuidado e dedicação. Não fique cego(a) diante do tesouro que tem em mãos. Viva essa segurança deliciosa que só um porto seguro pode proporcionar, e isso é para sempre...
Se você não tem um porto seguro, continue desnudando sua alma, desfaça-se das futilidades, abandone o superficial, agarre-se as alegrias e aos sentimentos verdadeiros, permita-se viver momentos profundos e permita-se sentir cócegas na alma...)

terça-feira, 23 de abril de 2013

Moscovo Mascavo

Sozinhévski moscovita. Delicadévski moscovita. Angustiévski moscovita.
Dostoiévski bem escrita. Loucura solta entre cúpulas douradas e coloridas, sangue de várias cores numa Praça Vermelha. Inquietante Mockba. Quanto do teu mistério e do teu glamour eu posso suportar? Meus conflitos em cirílico, minhas dores em Tchaikovsky. Minha paz e minha guerra em Tolstoi. Meu Ballet Bolshoi. Minha insegurança, como dói!
Desespero em Maiakovski. Depreiévski Moscou. Engula-me Moscou. Quanto de sua postura inabalável eu posso suportar? Quanto dessa ameaça russa você ainda vai manifestar?
Independenteiévski Mockba, tua doçura não chega a ser doce, açúcar mascavo. Moscovo Mascavo.
Quanto do seu frio você vai usar? Quanto ainda pretende ousar?
Marcanteiéski Moscou. Eu, moscovita diante de teu impiedoso frio e teu imponente mistério.
Quanto da tua grandiosidade eu ainda posso vivenciar?
Moscovita em Moscou... Fria e calculista Moscou. Teu império, teu fascínio. Em Moscou meu temor sem domínio. Assustadoraiévski Moscou. Impressionadévski moscovita. Quanto de mim você ainda poderia suportar? Quanto ainda poderíamos nos tolerar?
Incompreensiviévski Mockba. Moscovita incompreensiviévski.
Você Tchaikovsky, eu Dostoievski.
Você aí, eu aqui, nossa paz e nossa guerra...


(Moscovo=Moscou. Mockba=Moscou. Moscovita=mineral frágil)

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Nas ruas de Kiev

Kiev - Ucrânia, 6 de Abril de 2013.
Dia do meu aniversário e não por coincidência eu estava na Ucrânia. Meu sobrenome, minhas origens, busca pelas raízes, curiosidade me levaram pras ruas de Kiev. E foi impactante no início. Boa parte da cidade mostra claramente resquícios do tempo de URSS. Ucrânia não faz parte da União Européia também. Enfim, depois de conhecer muitas capitais européias percebe-se que Kiev destoa de todas elas. No entanto Kiev não é menos bonita e nem menos atraente, ela é chocante. Não sei de onde vem tanta religiosidade e tanta devoção. A Igreja Ortodoxa realmente impera. Cúpulas douradas espalhadas por tudo. É em Kiev o Monastério de Pecherska Lavra (o Vaticano da Igreja Ortodoxa) que reúne várias igrejas e várias catedrais suntuosas.
É incrível como toda a devoção espalhada por lá vai tomando conta e é tão espontâneo que inevitavelmente passa-se horas rezando, orando, agradecendo, acendendo velas, meditando, passa-se muito tempo em silêncio, em comunicação com Deus, em reflexão, em paz. Não poderia ter escolhido melhor: passei meu aniversário em oração. Não discuto religião, o importante, acredito, é a fé, o cuidado em agradecer além de pedir, importante é a oração que vem do coração. E como tenho a agradecer!! Agradeço a oportunidade de conhecer a Ucrânia, país da vózinha do meu pai. A pedido dele eu beijei o chão de Kiev como numa demostração de amor pela terra de sua origem, agradeço ter conseguido fazer isso por ele. Agradeço a família que tenho, os amigos sempre presente, meu trabalho que sempre me traz desafios e satisfações, as pessoas especiais que passam por mim, os momentos inesquecíveis. Agradeço minha saúde e de todos que me cercam. Agradeço tudo  que tenho recebido e toda proteção que me acompanha sempre. Agradeço a Deus pelo meu anjo da guarda, que se desdobra e vira mil pra dar conta das minhas idéias intempestuosas. Agradeço a força que tenho e a vontade de seguir. Agradeço a Deus todo sentimento bom que chega até mim vinda das pessoas que me gostam. Agradeço a Deus meus 32 anos. Agradeço, o agrado ao coração que Deus me fez, afinal, todo mundo sente dor em algum momento da vida e isso é inevitável. É inevitável também amar profundamente quando se está de coração aberto. E Deus tem me presentiado com lindos dias apaixonados e cheios de carinho.

Cracóvia Querida

Eu já não sabia pra que lado olhar, Cracóvia era toda mimosinha, toda lindinha, toda polaca. Polacas cozinheiras de mão cheia, trajando roupas coloridas, cozinhando seus pierogis. Linda praça com torre, com igreja, com mesinhas, com polacos indo e vindo... E Cracóvia estava lá, coberta de neve, toda escondidinha, discretinha, calada.
O silêncio de Cracóvia Querida era inquietante. Quem sabe sejam os anos de silêncio pelos ecos do terrível sofrimento que aconteceu nas suas proximidades. Cracóvia fica a 65km do Campo de Concentração de Auschwitz, o maior cemitério humano. Um lugar construído para fazer sofrer e que cumpriu seu papel, infelizmente. Os horrores são intermináveis, a lista é longa, nunca ouvi tanta barbaridade em tão pouco tempo na visita ao Campo de Concentração (quisera eu achar que isso é sensacionalismo, antes fosse... é a verdade nua e crua). Nesse lugar morreram mais de 1 milhão de pessoas, muitas foram torturadas, separadas de sua família, passaram fome, sede, frio, trabalharam até a exaustão, foram cobaias em experimentos, foram tratadas como vermes...
O Campo é próximo a um rio e diz-se que através da água o som do choro, gritos, torturas e suplícios eram ouvidos em toda redondeza. Cracóvia vive caladinha...
Sim, depois de ouvir toda a história e de ver resquícios dos crimes... Só se pode calar.
Mas antes de calar é impossivel não balbuciar algo como: "Meu Deus..." e ter seus olhos seus d´água.
Querida Cracóvia triste...
 
(Não só polacos sofreram e morreram em Auschwitz, no entanto, esse complexo-Auschwitz foi instalado em território polaco, impondo impotência e lamentação constante a esse povo.) 
 

Berlim 40 graus

-Berlim! Berlim!! - ela gritou.
Foi assim que a capital alemã foi escolhida para marcar definitivamente o início de uma história sem fim. E quem poderia imaginar que com um muro enorme daqueles as coisas poderiam dar certo? Sim, o muro era enorme! Dividia em 2, partes diferentes, o que hoje é 1 com muito gosto. Derrubamos o muro. (o muro viria abaixo sem que percebêssemos)
Berlim é uma.
Já imaginou um polvo em Berlim?? Eu era um polvo cheio de braços quando te vi. Eu tinha batimentos cardíacos no corpo todo quando te vi. Eu tinha riso incontrolável quando te vi. Eu tremi da ponta do nariz ao dedão do pé passando pelo coração quando te toquei. Tudo que sonhei estava ali... Ai Berlim Berlim...
E depois de beijos e mais beijos até a Deusa Irene e seus 11 cavalos tiveram arrepios!!
Berlim é inesquecível. (Você é inesquecível)
 
 
-Cadê o muro?? - ele perguntou.
-Não existe mais! - ela exclamou.
-Onde você estava todo esse tempo? - ele perguntou.
-Esperando por você... - ela sussurrou.
 
 
E enquanto nevava lá fora, em Berlim fazia 40 graus...
 
 
 
(Deusa Irene representa a quadriga sobre o portão de Brandemburgo)

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Pessoa insana em Viena

O que faz uma pessoa estar em Viena no fim do mês de março, numa congelante segunda-feira, andando pelas ruas ao redor da ópera, enfrentando fila interminável?
As pessoas costumam ser estranhas. Muito estranhas. Pessoas choram quando achamos desnecessário, riem alto demais, gritam "eu te amo" em praça pública, fazem sexo em becos, agridem com palavras, matam com pancadas, abandonam suas casas, mudam de emprego, deixam seu país. Pessoas costumam ter motivos próprios, motivos que nunca vamos entender.
Numa segunda-feira eu andava a esmo por Viena, sem pretensão alguma, e acabei sem querer numa fila que ainda não sabia onde me levaria. Sim, sim!! Pessoas também agem sem motivo! Tempo de sobra, férias, falta de compromisso com o tempo, com o lugar, com expectativas. Logo percebi do que se tratava, era fila para um espetáculo, uma apresentação de ópera na grande Ópera de Viena. Lá estava eu, quase imóvel naquela interminável  fila, acompanhada de inúmeras de pessoas ansiosas pelo mesmo barulho: o barulho perfeito.
Não demorou muito para eu perceber a figura estranha-engraçada-intrigante que estava na fila. Um homem de uns 50 anos, cabelos lisos e grisalhos, na altura do ombro. Vestia roupa social, porém percebia-se que não se tratava de um homem da alta sociedade mas um homem vestido apropriadamente apenas. Ele era inquieto. Estava desacompanhado, como eu. Mexia-se ininterruptamente. Virava-se pra lá e pra cá como se buscasse por algo. Falava alemão em alto e bom som, sozinho. Falava e falava pelos cotovelos, parecia reclamar, comentar, indignar-se. E mexia-se, virava-se, gesticulava. Logo a fila moveu-se e em poucos instantes estávamos acomodados em lugares estratégicos, lugares reservados para pessoas que assistem à ópera em pé. Como não poderia ser diferente, o homem-pérola posicionou-se exatamente na minha frente. Mexia-se, torcia-se, parecia incomodado, parecia curioso com relação às outras pessoas.
As luzes apagaram e o homem de atitude estranha mudou um pouco seu comportamento. Na fila parecia um louco varrido, no salão parecia um louco comportado. A Ópera começou. Ele calou-se. Nao ouvi mais seu alemão gritado e nem seus resmungos, pra um louco ele estava se saindo muito bem. Violinos e vozes ecoavam naquela ópera de acústica perfeita, o homem virava-se, olhava nos rostos ao seu redor como se quisesse observar e sentir o que acontecia ao seu redor. A cada momento de entusiasmo dos artistas, o homem ficava mais inquieto e perturbado com tamanha demostração de arte, dom e beleza por parte dos cantores e dos músicos. Realmente, Viena acumula pessoas de todas as partes com diversos interesses, como qualquer parte do mundo. Não podia ser diferente, na adorável Viena encontrei uma pessoa insana: eu mesma, por julgar louco um apreciador da ópera, por julgar louco um homem de baixa renda que junta seus trocados para assistir a uma ópera em plena segunda-feira, por julgar alguém que faz isso sob muita neve e mostra verdadeiro interesse pela arte, por demonstrar preconceito julgando louco quem deveria ser o mais são num mundo de materialismo e futilidade.

(Reencarnação de Wagner? Ou de Nietzsche????)

sábado, 16 de março de 2013

Perfeito!!

A perfeição não existe?
Existe sim e sei onde ela está.
A perfeição está diluída por aí, diluída em todos nós, presente em todos nós.
O que seria perfeição? Fazer algo de uma maneira que ninguém faria melhor? Acertar o momento? Escolher bem as palavras de modo que nenhuma outra substituiria? Ser insubstituível? Oferecer a alguém exatamente o que ela quer e/ou precisa?
Somos perfeitos várias vezes em vários momentos. Somos imprescindíveis para algumas pessoas, somos imprescindíveis para algumas pessoas em certos momentos. É perfeitamente compreensível que busquemos a perfeição porque somos imperfeitos e precisamos nos alimentar de sonhos. A perfeição é uma obra inacabada e incompleta, está espalhada, está oculta, está exposta, obra cara, obra gratuita. Algumas pessoas escondem suas perfeições e acabamos descobrindo com a proximidade e com a convivência.  (Algumas escondem tão bem que dificilmente alguém acha). Outras deixam suas perfeições a mostra, perfeições que identificamos no ato, que nos encantam instantaneamente, que nos surpreendem. É impossível não saber quando estamos diante do perfeito porque ele realmente nos abala. Você já viu um sorriso perfeito? (aquele que só você achava bonito e encantador). Você já ouviu a declaração de amor perfeita? (aquela que só arrancou suspiros de você). Você já esteve na companhia perfeita? (naquele momento que você não a trocaria por nada e nem por ninguém). Você já recebeu uma explicação perfeita? (aquela que ninguém entendeu mas que te tirou todas as dúvidas). O carinho perfeito (o que você estava precisando). A voz perfeita (a que te arrepia), a palavra perfeita (a que estava te faltando), a oportunidade perfeita (a que chegou na hora certa), o trabalho perfeito (o que te dá liberdade de ser quem você é), o amigo perfeito (o que não te abandona), o beijo perfeito (o que você tanto esperou), o dia perfeito (o que você acordou de bom humor), o desenho perfeito (o que te encanta os olhos), o cheiro perfeito (o que te traz boas lembranças), o presente perfeito (o que veio de coração), a proposta perfeita (a que você queria), o momento perfeito (o mais oportuno),  as promessas perfeitas (as que foram cumpridas), a família perfeita (a que Deus te deu), a pessoa perfeita (a que você ama)...
Que tal buscar mais as perfeições nas pessoas e dar menos ênfase nas suas imperfeições??
 PERFEITO!!

sábado, 9 de março de 2013

Dia comum

Só mais um dia como qualquer outro, só mais um dia comum. Seu alarme do celular toca, você come alguma coisa ou não, dá bom dia às pessoas, trabalha, encontra com pessoas no trabalho, conversa, dá risada, preocupa-se, irrita-se, cria expectativas, almoça com seus pais, assiste tv com seu irmão, joga a bolinha pro cachorro, anda descalço pela casa...
Esses dias comuns sempre me pareceram os mais entediantes de todos, os mais sem graça. Coisa engraçada essa! Na verdade, os dias comuns são a maioria em nossas vidas e se eles realmente não tivessem sua importância, que sentido teria a vida?? Dias comuns me assustam. Parecem inofensivos mas não são. São justamente esses dias sem aparente graça que judiam da gente no futuro. Sabe como? Judiam vindo em forma de lembranças e de saudades.  Como era bom ir pra escola de uniforme, correr no pátio, sinal pro recreio, tarefa de casa, almoço na vó, natal em família. Como era bom assistir desenho de manhã, sentir o cheiro do almoço, esperar ansiosa pelo aniversário para ganhar presente. Como era bom encontrar os amigos na faculdade, o nervosismo antes das provas, os papos nos intervalos, as caronas, as festas, as discussões bobas. Como é estranho não valorizarmos coisas simples agora e darmos o mundo por elas depois... Como é bom e dolorido não conseguir agarrar um instante pra ele nunca acabar. É muito estranho como sentimos saudades até de momentos tristes e de momentos de dificuldade.
Eu tenho medo desses momentos comuns, da rotina entediante, das coisas que parecem sem graça, dos instantes que parecem insignificantes. Às vezes passamos correndo e não nos damos conta do quão importante é viver cada dia. Um dia, os momentos insignificantes vão me fazer falta. Um dia eu vou desejar ter vivido tudo de novo. Um dia, o que está acontecendo hoje, nesse meu dia comum, vai apertar meu coração ao lembrar que sim, eu sou feliz e não sei. Todo mundo um dia olha pra trás e diz: "Eu era feliz e não sabia". Interessante não?!? Sabendo disso, podemos apostar que fomos felizes, que o que estamos vivendo é especial, que estar junto às pessoas que amamos é a melhor coisa do mundo.
Aproveite excessivamente seu dia comum  e possa dizer no futuro o quão feliz você foi e a certeza que tinha disso.

(Algumas vezes faltam recordações para te dar o prazer de reviver. Por esse motivo a minha compulsão por registrar tudo através de fotos, uma mania um tanto masoquista, diga-se de passagem).

domingo, 3 de março de 2013

Dias cheios de você

Os dias costumavam ser iguais, costumavam amanhecer e anoitecer pela metade... Eu costumava rir de encontros casuais e desacreditar do destino.
Eu costumava criar as oportunidades e costumava inventar minha história.
FOI então que percebi minha impotência diante das escolhas que eu não devia fazer sozinha, das escolhas que já haviam sido feitas por uma força maior...
Eu desisti de tentar ter sempre o controle, desisti de me dominar e comandar meus sentimentos e direcionar minhas energias. FOI nesse momento que os dias começaram a amanhecer e anoitecer por inteiro. FOI quando eu me tornei mais solta, mais apaixonada pela vida, mais interessada nos detalhes de cada um, mais fraterna.
FOI assim que minha alma perdeu o peso, minha mente aquietou-se, meu corpo dançou...
FOI assim que te conheci... no melhor da festa da minha vida, no momento mais sereno, no momento mais especial, no instante em que meu coração estava mais aberto, meu sorriso mais estampado, minhas idéias mais no lugar, meu amor mais pronto.
FOI no lindo 28 de dezembro que você passou a adicionar alegria extra às minhas horas, paixão nos meus pensamentos, ardor nos meus desejos.
FOI assim que eu fui presenteada e agradada pelo destino.
FOI intrigante, interessante e assustador observar as coincidências se encaixando, nossas histórias se cruzando, nossos sentimentos aflorando.
 
É assim que tem sido. É cheia de amanheceres e anoiteceres pensando em você que tenho me encontrado. É com você que tenho sonhado acordada e dormindo. É por você que eu tenho me apaixonado todos os dias. É com muito encanto que tenho acreditado em destino, pessoas certas, nas maravilhas que a vida nos proporciona. É com muito estusiamo que tenho cantado canções de amor e feito declarações.
 
SÃO cheios de você que meus dias iguais ficaram diferentes.
(É com ansiedade e muita paixão que tenho contado os dias...)

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Mas ela não morreu


Ela vivia saltitante resmungando coisas engraçadas como se a vida fosse leve. Ela vivia esvoaçante como se pudesse voar numa realidade perfeita e eterna. Ela ria pelos cotovelos como se fosse feliz. Ela sonhava alto como se pudesse alcançar. Defendia suas idéias como se valessem de alguma coisa. Acreditava nos sinais como se eles dissessem a verdade. Ela idealizava os momentos com muita paixão como se fosse adiantar. Ela se entregava como não se deve fazer. Ela chorava pelos cantos como se sentisse medo. Não dormia de noite como se não pudesse sonhar. Enfrentava suas fraquezas como se fossem suas inimigas. Ela carregava tudo nas costas como se fosse aguentar. Desistia de tudo de repente como se desse pra escapar. Relutava em aceitar como se pudesse negar. Ela dançava como se seu corpo pudesse emitir som. Gritava por dentro como se ninguém pudesse ouvir. Aceitava imposições como se fosse tolerar. Despia-se lentamente como se alguém estivesse olhando. Ela rosnava como se fosse intimidar. Fazia tanta graça como se fosse conquistar. Inventava tanta moda como se fosse vingar. Filosofava como se achasse as respostas. Viajava toda semana como se pudesse fugir. Ela exagerava como não se importasse. Ela exagerava como se fosse faltar. Ela exagerava como se não fosse enjoar. Ela exagerava como se não fosse intensa o suficiente. Ela amava como se o mundo fosse acabar! Ah, isso sim... Ela amava como se o mundo fosse acabar!

domingo, 27 de janeiro de 2013

Santa Maria

Tentando não falar no assunto, mas é impossível.
 
Que acontecimento horroroso esse de Santa Maria - RS.
 
Perder alguém é horrível. Perder alguém numa tragédia é algumas vezes horrível. E por culpa (imperícia, imprudência e/ou neglicência) de alguém??
 
O que realmente aconteceu logo todos estarão sabendo, no entanto é sabido que o lugar não estava preparado para funcionamento, afinal 250 pessoas morreram por não conseguir abandonar o local. Quando uma pessoa assume o risco de fazer alguma coisa errada, é crime, não é não??
 
O que dizer numa horas dessas?
 
Pessoas que comentem crimes podem ser punidas, mas vidas interrompidas não podem ser continuadas.
 
A morte prematura de alguém sacode definitivamente a vida de muita gente. Marca e muda profundamente a vida de muita gente.

Que dor horrorosa é essa?? Como fica o coração de uma mãe que liga 104 vezes para o celular de um filho sem ser atendida? É um desespero sem tamanho, é uma dor que corrói e causa buracos pra sempre.
Multiplicando essa dor (de familiares, amigos, namorados, noivos, colegas de trabalho) por 250, qual é o resultado???
E de pensar que podia ter sido evitada...
 
O resultado é dor coletiva, é revolta, é indignação, é compaixão, é muito silêncio, é muito choro no silêncio...
 
Amanheci engasgando quando vi o noticiário. O clima pesou, o tempo fechou. Impossível não se comover e não sentir dor junto.

Luto.

E depois que o luto passar, que as pessoas coloquem mais a mão em suas consciências e parem de causar dor desnecessária... só quem já passou por dor de verdade sabe do que se trata. Vida é coisa séria e não se brinca com coisa séria.

Que Deus esteja presente em cada minuto da vida desses familiares e amigos desolados, para que consigam suportar essa dor sem dimensão.

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Pastel de Belém

Sabe as vontades que vêm do nada? (estou sorrindo sozinha agora...)
Será que essas vontades vêm do nada mesmo?
De repente me deu vontade de andar por ruas estreitas de pedras, de andar entre edifícios de azulejos!

Nessa caminhada vejo uma escadaria de mármore numa praça e também um arco com personalidades históricas... 
Do outro lado um elevador com nome de santa... Justa!
Justo ouvir sons mas... espera! Ouvi alguma coisa, foi um chiado?
Chiado! E se "a alma não é pequena" posso ir em um café à brasileira!
Mas e esse cheiro?? Pastéis!! E ainda tem uma torre com o mesmo nome!
De repente uma vontade de andar livremente por uma avenida. Avenida! Liberdade!
Hummm e se tudo acontecesse lentamente como seu piscar! E se tudo for lindo como seu sorriso!
Sabe do que estou falando? Essas vontades que vêm do nada...
Esse nada que damos o nome que quisermos...

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Rolling Stones

Meus ruídos não fazem barulho mas trepidam dentro da minha cabeça. Incomodam. Desestabilizam. Distorcem. Complicam. Britadeira. Caneta de baixa rotação. Carroça em pedregulho. Turbulência nos céus de Chicago. Cano de escape solto. Patins no asfalto inacabado. Mala com rodas numa calçada de petit pavé. Furadeira no concreto. Gelo no liquidificador. Metralhadora.
Minha arte de misturar barulhos, minha mente inquieta que compra ruídos que passam. Ruídos confusos que remexo até transformar em música. Minha música é o rock (pedras que rolam).
Um rock, uma melodia que embala meu dia-a-dia. Sem regras mas muito bem arranjado. Sem dúvidas, são apenas 3 acordes. Rebelde pacífico. Complexo na teoria, prático na prática. Imponente mas delicado. Verdadeiro. Curioso. Atento.
Se parar pra ouvir (sem preconceito) verá que do ruído eu faço música... Da música faço um hino...
Do hino faço emoção... Da emoção faço paixão... Depois disso não faço mais nada, faz-se sozinho...

domingo, 6 de janeiro de 2013

Todo o tempo do mundo

E ser romântico é sonhar! E eu sonho sem dó, vôo longe mesmo! Afinal, se não for pra voar longe de que adianta tirar os pés do chão?
E até me pergunto se ter os pés no chão dá certo mesmo. Pelo menos ter os pés no chão não é tão estimulante quanto voar. Quem voa corre um risco maior de se machucar, no entanto estamos na chuva!!! Vai ficar se escondendo de toldo em toldo e ficar se molhando aos poucos? Ambos sabemos que vai se molhar de qualquer jeito. Eu meto o pé na poça, canto e danço na chuva, e daí? É muito mais divertido aceitar a chuva e aproveitar cada pingo com alegria!! Vai resmungar a cada gota?? Mas se for assim nem saia de casa.
Minha chuva ilusória me alimenta. Cada um escolhe um combustível para ter energia para viver e eu escolho o sonho. Sonho porque não custa nada sonhar.  Tornar o sonho realidade pode ter seus custos mas querer tudo de graça é muita folga, não é não?
Sonho só é sonho até virar realidade, afinal toda realidade nasce de um sonho. E sonhar é tão bom! Entorpece naturalmente, revigora. E que tal fazermos coisas impossiveis juntos? Adoro coisas impossíveis porque elas são incríveis quando acontecem!! E que tal sonharmos juntos?? Podemos acordar e realizar tudinho!! Afinal, "temos todo o tempo do mundo".
P.S.: Belíssima inspiração de Legião Urbana, música "Tempo perdido".

Surpresa!! Game Over

A banda terminou de tocar, a música parou, as luzes se acenderam... Acabou.
Não se serve mais comida, ninguém mais vai beber, ninguém tem mais força pra dançar... A festa acabou.
 
Terminar não é ruim necessariamente. Terminar de realizar um trabalho é satisfatório, terminar de ler um livro é conclusivo, terminar um prato de comida é prazeroso. Terminar uma briga ou terminar um relacionamento que vai mal é um alívio. Quando uma dor acaba é um alívio!! E quando seu chocolate acaba? E quando o beijo acaba? E quando o papel higiênico acaba?? E quando alguém morre? Quando sua paciência acaba? E quando já acabou seu tempo de perder tempo?
 
Infelizmente e felizmente tudo tem um prazo e uma hora ou outra chega ao fim. Inevitavelmente nos deparamos com o fim das coisas, às vezes com o fim de sentimentos, fim de momentos.
Alívio para o fim das coisas que nos incomodam e lamento para as coisas que nos trazem alegria.
 
Mas pensando bem, ainda bem que as coisas acabam. Ninguém consegue rir para sempre numa gargalhada interminável, acho que morreria de cãimbra na barriga ou morreria de falta de ar (ou seja, acabaria de qualquer forma), e se não acontecesse isso, no mínimo perderia a graça.
 
Que tudo acaba todo mundo sabe, o que a gente não sabe é o momento que isso acontece.
 
Surpresa!! Você perdeu seu emprego!!
Surpresa!! Suas férias acabaram!! Seu casamento acabou!! Sua juventude já era!!
E então meu caro, vai encarar essa como??
 
Imagino que o fim de uma etapa marca o início de outra e quem sabe esteja aí a grande "sacada". Etapas meu caro!! Hora da insegurança, hora da adaptação!!
 
O que não pode passar despercebida é a contatação que, independente da idade, todas as pessoas sentem insegurança na hora de mudar suas atitudes para se adaptarem as novas circunstâncias. E o mais interessante é que essa insegurança torna-se mais assustadora porque a medida que nos tornamos mais donos de nós e de nossas idéias imaginamos que nossa força aumenta e que de certa forma nos tornaremos inabaláveis. No fundo no fundo somos crianças crescidas que perderam sua verdadeira coragem. E sabe quando percebemos isso?
Quando menos esperamos...