sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Você se sente em casa?




Amantes de viagens sabem do que vou falar: da sensação incrível de estar em lugares inéditos, culturas curiosas, comidas exóticas, pessoas interessantes. Eu pergunto: Existe sensação melhor que a de explorar o desconhecido, de desfrutar do novo, de se maravilhar com possibilidades, de viajar?

Eu mesma respondo:

Sim existe, melhor que isso tudo é a volta pra casa.


O lugar não é inédito. É o mesmo de sempre, os mesmos móveis, as mesmas cobertas de cama, a mesma vista da janela, a mesma rua, as mesmas construções, mas você conhece, e, te dá um ar de familiaridade.
A cultura não é curiosa, e se for, você já está acostumado. São as mesmas situações, os mesmos probleminhas de sempre, mas as mesmas alegrias que te dão um ar de aconchego.
A comida não é exótica, é a mesma comidinha de sempre. É o feijãozinho cheiroso que só a mãe faz, é a macarronada caseira que só a vó faz, comidinha simples, nada demais, mas que dá um cheiro no ar que não se encontra em outro lugar.
As pessoas são as mesmas. Acontecem os mesmos conflitos, os mesmos erros, as mesmas vozes, os mesmos gostos, os mesmos jeitinhos, mas que dão um ar de família.

Nada como a sua cidade. Nada como a sua casa. Nada como a sua cama, a comidinha de casa, nada como a sua família. Pensando nisso tudo, o que me vem a mente é o fato de que em dado momento de nossas vidas (nos relacionamos com pessoas), algumas pessoas nos passam um ar ameaçador, outras um ar fechado e introspectivo, algumas parecem invadir nosso espaço, outras bagunçam nosso espaço, mas, eu estou querendo chegar justamente naquelas pessoas cuja companhia faz você se sentir em casa.

Você já sentiu isso? Acredito que algumas pessoas nunca vão experimentar isso e algumas vão experimentar 1 vez (2, quem sabe??). Quem já sentiu isso sabe bem do que estou falando (sensação incrível, bem melhor que viajar! É quando o abraço do amado é o seu lar...)

Relacionamentos assim são raros, são os relacionamentos onde não existem segredos entre o casal, onde tudo é compartilhado, onde tudo é feito às claras, onde existe cumplicidade, verdade. É quando tudo que você quer e espera está diante de você. É quando você não tem vergonha de cantarolar desafinadamente e embromar no inglês, quando não tem vergonha da alface no dente, quando tem tranqüilidade em falar dos seus planos futuros, dos seus sonhos, de suas dificuldades, quando você não tem vergonha nem medo de pedir ajuda. É quando você pode contar e, principalmente, quer, contar com seu amado. É o seu colo, sempre.
É magnífico, porém, não depende só do outro, depende também de estarmos abertos a isso, de queremos nos envolver, de queremos dividir, nos expor, é uma sintonia única, simples de tudo, sem maiores explicações, como a nossa casa... É um aconchego sublime. Tudo é mais leve, tudo é mais simples, tudo é mais gostoso, é quando o seu dia-a-dia é um eterno retorno pra casa...

(Se você tem isso, sinta-se premiado, e, claro, aproveite e sinta-se em casa)
(Se você não tem isso, reflita... você está realmente abrindo as portas de sua casa??)

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Fechado para reforma



Gostaria de agradecer a atenção e carinho das pessoas que seguem o meu blog e que me incentivam a continuar. Resolvi dar um tempo (não sei ainda quanto tempo) para colocar algumas idéias no lugar e achar o tão sonhado "caminho do meio" (adiante, em textos futuros, quem sabe eu volte a falar nisso). O blog é meu canto mas é um canto de vidro, transparente, exposto, e, às vezes precisamos de reflexão em silêncio, precisamos da "metamorfose silenciosa". E, quando o muro é baixo, o povo pula.



Agradeço do fundo do coração as pessoas que curtem os meus textos e sempre passam por aqui! Obrigada e até breve!

domingo, 28 de agosto de 2011

Cicatrizes




Desde o momento de nossa concepção estamos expostos. Os acontecimentos em geral nos influenciam, nos transformam, nos marcam, e, fazem de nós o que somos. Com os anos, com o crescimento, o amadurecimento, vamos somando experiências e claro, guardando suas marcas. Somos como impressões digitais: um diferente do outro, portanto, cada qual com suas marcas. Insisto em falar de marcas porque hoje meu pai deixou o hospital depois de 7 dias internado. Meu pai passou pela experiência de realizar uma cirurgia de alto risco, de muito trauma sendo apenas um jovem de 55 anos. Vemos diariamente situações parecidas, mais preocupantes, menos preocupantes. O fato é que, viver isso é único e marcante. Marca de várias formas. São inúmeras cicatrizes que num primeiro momento chocam, e, foi assim que encontrei meu pai, chocado. Então, o que eu disse ao meu pai foi que cicatrizes são apenas marcas, que logo estarão até mais bonitas, e que, isso é o que menos importa porque ao longo da vida vamos ganhando mais e mais cicatrizes. Algumas nós conseguimos enxergar, outras imaginamos, outras nem sequer fazemos idéia (às vezes percebe-se pelo olhar). Eu tenho 30 anos e tenho várias cicatrizes (algumas pequenas e outras enormes). São feridas que damos um jeito de curar, mas que nos acompanharão para sempre, dizendo o que vivemos, dizendo o que somos.


Enquanto jovens o que mais nos importa é a aparência e mais tarde vemos que isso é o que menos importa. O que é uma cicatriz?? É a prova de que vivemos. De que estamos expostos. De que somos frágeis mas que somos fortes. De que somos guerreiros. É a prova de que somos capazes de vencer obstáculos e de nos erguer, prontos para a próxima. Cicatriz é história pra contar. Cicatriz é vivência, mas cicatriz é passado superado.

(Tenho uma cicatriz na testa que não me envergonha. Alguns amigos brincam que parece tiro de chumbinho!! rsrsrs. Na verdade caí sobre um bule, o que é mais engraçado ainda!! Essa sou eu.)

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Você já teve um amigo que te carregou no colo?





Todos sabemos a importância das pessoas importantes na nossa vida (que tal isso??), sabemos a importância dos amigos. Quando falo amigos, não digo colegas, nem amigo de festa , eu digo aquele amigo que te tem como irmão, que vai com você até onde precisar, que passa fome com você se for preciso, que compra sua briga (você estando certo ou não). Amigo que não desiste de você. Amigo que busca incessantemente o seu sorriso, a sua felicidade. Amigo que não dorme enquanto não tem a certeza que você está bem. Amigo que te acolhe em casa, te acolhe na tristeza e no desespero, que te acolhe no abraço e não te solta nunca mais. Amigo que não te esconde a verdade, que é leal sempre, e que não vê razão na vida senão lutar ao lado das almas próximas. Amigo que acolhe sua alma como se você fosse um pedacinho dele, e então, você passa a ser. Amigo que mesmo distante fisicamente ou não tendo um contato freqüente está no mesmo lugar: no posto de amigo para o que der e vier. Amigo que tira forças, palavras e paciência do fundo do coração, simplesmente por gostar, por querer bem, por amar. Pela simples amizade...verdadeira (preciosidade).


(quem é seu melhor amigo?)




quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Piso na bola mas também faço gol




De fragmentos e pedaços somos feitos todos os dias e, todos os dias, somos feitos em fragmentos e pedaços. Com nossa particularidade nos fazemos e nos refazemos. Só nós sabemos de nós mesmos. Só nós sabemos a dor, só nós sabemos o amor, só nós sabemos se valeu a pena, só nós sabemos o peso de nossos atos. E dos tempos lá de trás sempre trago coisas: “Que atire a primeira pedra”...quem nunca se arrependeu, quem nunca se derreteu, quem nunca voltou atrás. Calma aí meu amigo, serenidade...porque ninguém passa ileso, e, sua hora também vai chegar. Hora de quê, Deus Meu?? Hora de tudo. Hora de perder e de ganhar. Hora de dar a volta por cima. Hora de pedir, hora de agradecer, hora de repensar, hora de se envergonhar, hora de compreender, hora de perdoar. E quando o cerco apertar, imploro ao bom Deus que tenhamos arremessado nossos pedaços apenas aos nossos pés, que não precisemos sair se esquivando, se justificando, se encolhendo. Que tenhamos vivido com maturidade e com humildade. Que saibamos reconhecer nossos valores e nossas fraquezas. Que saibamos viver sem segurar o choro, sem segurar o abraço, sem ter medo.
Que possamos repousar nossa consciência sem pesar, que possamos seguir sem lamentar, que possamos nos alegrar de termos sido justos.


(hoje é uma data especial)

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Alguém se importa??





Saber viver é uma arte, saber viver sem se abalar a todo instante é uma arte. É mesmo uma arte, ou é falta de sensibilidade? Algumas pessoas criam defesas naturais para não se deixarem abalar e realmente passam com mais facilidade pelas situações. Também é verdade que fazem isso com mais facilidade mas com menos emoção. Eu queria saber não ir tão fundo nas questões. Como se faz “vista grossa”? Como se faz para deixar pra lá? Como se faz para ignorar os defeitos e as pisadas de bola das pessoas que nos cercam e as nossas próprias? Como se faz para conviver com nossa imperfeição e admitir que erramos e que vamos continuar errando e errando? Como se faz para não cansar de presenciar imundícies por todos os lados e ter vontade de continuar fazendo parte disso?
Isso é não saber viver? É falta de exercitar a tolerância? É não ser sociável? Acredito que seja um pouco de cada coisa, eu acho... Não sei se é impressão, mas parece que está cada vez mais difícil de viver. As coisas parecem mais complicadas, mais envenenadas, mais superficiais, mais desgastantes, mais sem sentido. Sou eu ou está mais difícil viver?? Só eu ou ninguém mais se encaixa nesse mundo??
Eu odeio a maldade das pessoas, e nisso eu estou me incluindo também. Sou errada tanto quanto cada um que conheço e isso desanima. Desanima ver que está tudo errado e que todo mundo ainda tem que crescer muito, mas muito mesmo. Em meio a toda essa confusão eu tento achar um lugar confortável, mas não encontro nunca. Falta eu me encontrar?? É o que se fala por aí, sobre auto-conhecimento e tal. Mas alguém conhece alguém que é tão bem resolvido que simplesmente existe e não se deixa afetar?? Alguém que realmente acha que cada folha de árvore cai porque tem que cair? Sim, eu sou confusa, questiono demais, peco por excesso de insegurança, erro por ter baixo limiar de tolerância e me deixar abater com facilidade. Entristeço-me por ser intensa e não ter paciência. A ansiedade me consome. E tenho sido um peixe fora d´água.
(espero que seja uma fase, ou, vou morrer sem ar... ou sem água??)

sábado, 23 de julho de 2011

Grande perda: Amy Winehouse


Acabei de ver o noticiário na tv e ouvir o que eu esperava não ouvir pelo menos pelos próximos 30 anos: Amy Winehouse morreu. A notícia entrou cortante pelos meus ouvidos, ouvidos de uma fã, de uma profunda admiradora.



Amy era uma menina de 27 anos. Insegura, incrivelmente insegura. Carente. Problemática. Carregada de dores. Carregada de talento. Voz inconfundível, estilo único. Dói ver uma artista tão promissora como ela perder a vida por motivos óbvios: não saber lidar com suas inseguranças e suas dores. E sabe mais?? Como todos nós... Muitas vezes não sabemos lidar com nossas inseguranças, sofremos, fazemos outras pessoas sofrerem, nos sentimos sozinhos, desamparados, buscamos fugas e muitas vezes queremos sair correndo sabe-se Deus pra onde (um lugar seguro para nos refugiar). Infelizmente Amy buscou seu refugio nas drogas e na bebida. Sentia-se nitidamente apavorada quando estava em lugares com muitas pessoas, ficava claro seu desespero com a possibilidade de estar sendo avaliada, julgada, observada. E nós muitas vezes sentimos esse pavor também (ela colocava isso em suas composições). Amy era a fragilidade em pessoa, a insegurança estampada, era o medo de viver. Mas, quando resolvia cantar de verdade fazia todo mundo calar a boca, ela brilhante. Brilhante também foram suas origens na música. Ela ouvia Frank Sinatra quando pequena! Aprendeu a flutuar a voz com Billie Holiday, com Dinah Washington (e muito mais). Se inspirou no R&B, no jazz, no hip hop, no soul. Vou no comum: Uma menina branca com uma poderosa voz negra (cantores negros são donos das melhores vozes, alguém discorda?). O que ela fazia com a voz dela era brincadeira? Sim, ela brincava e sem fazer careta! E eu lamento muito o que ela podia fazer e não fez. Quanto poderia vir... Amy foi uma das grandes revelações, uma artista única. Registro aqui minha dor não só pela perda da artista (uma das minhas preferidas) mas também por ver um ser humano frágil, um menina deslocada (com a qual me identifico muito, a qual procuro entender) acabar assim, sozinha, vítima das drogas, vítima do mundo moderno, das transformações... Agora, orar para que fique bem onde estiver.



(Amy era muito original. Ninguém vai poder fazer o que ela faria, porém, espero que novos artistas se inspirem nela e em suas origens e que produzam bons trabalhos)

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Dose melancólica



Eu quero estar entre girassóis e tulipas, bromélias e gérberas, lírios...muitos lírios. Quero ver crianças soltando barquinhos de papel na correnteza de um límpido rio, torcendo junto a seus pais para que sigam sem afundar. Quero música, vozes afinadas, arranjos impecáveis. E quero aceitar o movimento contínuo dos relógios. Quero aceitar o prazo de validade das coisas. Quero aprender a conviver com lembranças...essas delícias não palpáveis. Quero tirar o nó da garganta. Quero parar de me lamentar pelas perdas e desfrutar mais das verdades do presente. Quero entender a sutileza dos sentimentos, a vulnerabilidade... Quero apreciar as artes sem sentir a dor por trás das poesias, ou melhor, não deixar que me envolvam a ponto de não ver as cores. Quero parar de me esconder e assumir minhas melancolias. Quero parar de querer e parar de frustar minha alma. Quero encontrar mais detalhes lindinhos da vida e esquecer que, em sua essência, a vida é triste. As pessoas, todas, convivem com dores diariamente, com frustrações, com decepções, saudades, vontades, arrependimentos. Quero desacelerar essa minha maratona desesperada e chorosa em busca de uma fuga. A vida é aqui e agora. E agora? Pra que lado devo olhar? Tudo parece triste e efêmero... Vou tomar uma dose de amnésia e esquecer a melancolia.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Simples Lembranças

Hoje o blog completa 1 ano e, por essa razão, selecionei (dentre vários textos que escrevi desde os 12 anos - saudades...) um texto que escrevi ainda no século passado! Mesmo quando muito jovens já recordamos, já temos saudades, já temos lembranças...

Simples Lembranças

No momento mais sensível,
Quando a lágrima ameaça cair,
Quando eu me encolho num canto,
E sinto meu corpo arrepiar...

Quando lembranças vêm à tona,
E as saudades me invadem,
Quando quero fazer mágica para recordar...

Quando me lembro de tudo,
Quando dramatizo o mundo,
Quando me desespero,
É quando quero,
Que tudo volte num tempo,
Em que tudo aconteceu.

Mas nada posso fazer,
Tudo acontece apenas uma vez,
Cada vez de um jeito,
De um jeito especial.

Quando a vida nos surpreende,
É quando se aprende,
Que tudo é passageiro,
Mas que tudo tem um fundamento,
E que tudo marca um momento
da nossa vida...

terça-feira, 17 de maio de 2011

Aniversário



É com satisfação que vejo este blog completantando (no próximo mês) 1 ano. Nasceu de uma simples idéia e hoje é um cantinho acolhedor, onde posso me "esconder" e me "despir" se eu quiser e quando quiser. Durante 1 ano muitas coisas acontecem (qualquer pessoa pode confirmar isso) e comigo não foi diferente. Inúmeras lembranças, alegrias, quanta risada, quantas lágrimas, quantas amizades, quantos sentimentos! Sou grata às pessoas que acompanham meu blog e que dividem comigo sentimentos diversos. Sou grata às pessoas que se fazem presente na minha vida, que se fizeram presente e anseio pelas que virão fazer parte dela. A vida é linda quando escrita em cores! Minha vida sem dúvidas é colorida, tem seus cinzas, seus vermelhos, seus rosas, seus azuis, seus brancos. Eu gosto das cores que as pessoas acrescentam. Adoro pessoas laranjas! Adoro as estampadas! Adoro os sentimentos sinceros, adoro o companheirismo! Vou continuar usando canetas coloridas, usando aquarelas e colorindo as pessoas ao meu redor! Continuar me deixando seduzir pelas companhias agradáveis e fiéis, por pessoas do bem, que querem o bem, que vivem o bem, que vivem de bem! Viver rodeada de amor é viver em cores! Eu amo! Eu amo!

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Meu amigo imaginário

Sempre tive um amigo imaginário, o mesmo, sempre. Hoje ele tem 12 anos de idade e chama-se Robert Harrison Zimmerman Cash. Digo "sempre" porque ele está em minha vida há muito tempo, mal lembro dele não ter estado nela. Robert me acompanhou em muitos momentos, muitos esteve presente e em outros se fez presente mesmo à distância. Sempre gostei muito e admirei muito o intrigante Bob.

Sabe...Bob sempre me surpreendeu com sua amizade, com suas idéias, com seus conselhos. Robert sempre foi especial. Desaparecia por um tempo mas logo voltava, era leal. Muitas vezes eu me peguei falando dele para as pessoas, na maioria das vezes com admiração e até encanto. Robert sempre foi meu melhor amigo. Ele surgia nos lugares mais inusitados, muitas vezes em lembranças... Meu companherinho de vida: Bob. Eu nunca estive completamente sozinha e desamparada, sempre tive sua mão estendida, sempre reconheci Bob de olhos fechados. Tínhamos um pacto de sinceridade (até o fim) e eu ainda cumpro esse nosso acordo e eu acho que ele também, não quero acreditar no contrário. Esse meu amiguinho não tem igual, não tem parecido, não tem comparação.

Robert às vezes atropela algumas coisas, ele argumenta muito bem e às vezes argumenta quando não devia. Mas sabe...eu também faço isso e nós dois sabemos que em alguns momentos não se deve retrucar e sim, admitir que não fez certo. Acho que me identifiquei tanto com ele justamente por sermos parecidos em muitas, muitas coisas mesmo e por reconhecer no outro as suas fraquezas. Nunca imaginei minha vida sem pelo menos ouvir um barulhinho do Bob, sempre quis ele por perto, sempre apreciei sua companhia e seu jeitinho. Nossa, ele completa 13 anos neste ano e nós deveríamos comemorar essa nossa união, mas, Bob me deixou confusa esses dias. Parecia diferente, distante e impaciente. Fiquei triste. Meu amigo não parece ser o mesmo. Será que eu não fantasiei muito sobre ele? Quem sabe ele nem soubesse da importância que sempre teve. Ouvi dizer que se diz "eu te amo" a um amigo que gostamos de verdade, e, infelizmente eu nunca tive essa habilidade. No entanto, acho que Robert precisa saber: Eu te amo meu amigo. Quem sabe você seja fruto da minha imaginação mas peço que não vá embora como um fantasma que se desintegra no ar. Eu tento entender que quem sabe nossa amizade tem essa idade: 12 anos, e só...

Bob, não machuque meu coraçãozinho, por mais descompassado que ele possa ser, ele te ama de verdade e sempre sentirá sua falta nos momentos que você não estiver presente.

Sabe amigo, você é muito importante pra mim, mas, sei que nossas escolhas somos nós que fazemos. Sabe Bob, fiquei chateada quando descobri que você derrubou tinta nas minhas fotos nos últimos meses. Sei que até posso, ou podemos, tentar limpar, mas sempre ficam manchas e marcas. Elas nunca serão as mesmas. Mas, sabe Bob, quem sabe pudéssemos tirar juntos novas fotos e você esquecer a história da tinta, será que você faria isso?? Faria por mim? Faria por você? Penso mesmo em começar um álbum novo, não descarto a possibilidade de que você faça isso comigo. Sabe, lembro que brinquei de esconde-esconde com você e você sempre disse que eu me escondia muito bem. Eu preciso admitir Bob, eu sempre estava na sua frente, pra onde você nunca olhava. Queria também falar das boladas que te acertei ultimamente, acertei sem querer e te dei umas dores de cabeça. Acredite Bob, não foi de propósito. Nunca faria isso com meu melhor amigo. Aliás, não tome dipirona, você é alérgico e fica com a cara engraçada. Engraçado Bob, compartilhamos muitas coisas, não é? Muito obrigada por me ouvir, você é o melhor ouvinte. Então ouça: meus sentimentos são de verdade.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Entardecer


É hora de parar para assistir ao espetáculo do fim do dia. O sol está caindo a oeste em cores vibrantes, em silêncio, mas, escandaloso.


O entardecer ofusca nossos olhos, forçando-nos a espremê-los como num ato de reverência ao deus Sol.

O fim de tarde é aveludado, é sublime, é lindo. Neste momento o dia se despede, sem discrição, justamente para anunciar e encerrar uma jornada.

O entardecer é reflexivo, ou, deveria ser. O que você fez do seu dia? Você cumpriu suas tarefas? Você ajudou alguém? Você foi além das expectativas? Amou? Valorizou os pequenos gestos? Rezou? Abraçou? Está em paz consigo mesmo? O dia já pode anoitecer? Você conseguirá dormir? O sono será tranqüilo?

Às vezes passamos a noite em claro como se ainda estivéssemos no entardecer... São dias que deveriam ser maiores para que nossos conflitos fossem resolvidos antes da hora de dormir. Dias curtos em que o entardecer emenda com o amanhecer, em que as estrelas passam despercebidas porque os olhos estão voltados para dentro, para o outro, ou para alguma coisa mal resolvida.

Prazerosos são aqueles dias em que o entardecer é um presente para o dever cumprido e para a alma lavada, para a alma amada, para o coração confortado... Prazerosos são aqueles dias que têm noites, em que se repousa, em que se dorme com um discreto sorriso nos lábios e no coração.

O entardecer te pergunta: Você está maravilhado com minhas cores e meu estardalhaço? Ou só mais hoje seu dia não acaba bem? Você consegue apreciar o espetáculo ou sente náuseas ao ver que ele se aproxima? Você está apto a desfrutar das cores e do veludo com o espírito leve e feliz?

Como foi seu dia, querido??

domingo, 3 de abril de 2011

Somos feitos de quê?

Somos feitos de peito.

Somos todo coração?

Na verdade somos todo peito, um incrível tórax para bater de frente. Somos feitos para suportar tudo e qualquer coisa que encontrarmos em nosso caminho, com cabeça erguida e com dignidade. O homem é forte. O homem é rocha.

O homem sente dor, e quando deseja, utiliza essa dor para seguir, para crescer, para produzir. Enfrentamos nossas dores, nossos pesares, nossas ilusões com a força que foi dada ao homem (a força de sair de situações, não de forma ilesa, mas de forma honrosa).

O homem tem peito.

Peito para peitar suas fraquezas e para encarar sua realidade. (O homem tem peito para mudar sua realidade se quiser). Peito para suportar o que vier.

Sim, sim, sim...é no peito que dói, é no peito que aperta, mas é a cabeça que sucumbe. (Isso às vezes me preocupa).

A quanto anda a sua cabeça? Afinal, temos peito, mas às vezes, falta serenidade e até um pouco de sanidade.

Dor de verdade é coisa de louco! Coisa de perder a cabeça e de perder a razão.

O homem tem peito mas também tem cabeça...

O peito peita... nem sempre a cabeça aguenta. (Eu tenho medo disso).

Às vezes atropelamos tudo, passamos pelos problemas como uns tratores, o peito bate de frente em tudo, e então, você percebe que é muito pra cabeça. Hora de parar de derrubar obstáculos, hora de organizar os derrubados, de reconhecê-los e de passar por cima, com a mão na consciência, com a cabeça no lugar, com a sanidade mantida, com ciência, consciência... tranquila.

(A dor não é privilégio de poucos, é privilégio de todos. A felicidade não está a disposição de poucos, está a disposição de todos)

(às vezes sou um tratorzinho enfurecido que atropela inclusive meus sentimentos. Minha cabeça sente e o corpo quer padecer. Cuidado, muito cuidado em ser um tratorzinho...)

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Boa noite



O silêncio da madrugada me intriga, horas me comove, horas me inspira e, mais freqüente do que eu gostaria, horas me tira o sono. Obviamente a teoria da relatividade de Einstein faz mais sentido nesse momento porque o tempo não passa como costuma passar. No meio da noite fico perguntando se esse tempo vazio deve ser aproveitado de alguma forma, afinal, a essas horas eu devia estar sonhando. (Qual é a importância dos sonhos? Qual é a importância dos sonhos serem razoáveis em sua construção, em sua altura, em sua lonjura? É permitido exagerar nos sonhos? È permitido não sonhar?) Tento manter os olhos fechados para tentar aproveitar o embalo do sono e continuar nele, mas, isso não acontece. Viro de lado, conto carneirinhos, trevinhos, conto com a piedade dos anjos: -Dêem-me sono!


O que me tira o sono? Fico inquieta, remexo na cama, controlo a respiração e tento, juro que tento controlar meus pensamentos. Fico pensando se minha cama não está direcionada para o ponto cardeal errado (faz sentido?). Penso no colchão, no travesseiro, na janela. Alguma coisa está errada? Tento não pensar em problemas para evitar que a cabecinha pensante queira resolvê-los todos naquele exato momento, mas, é em vão. O tempo realmente parece não passar, o sono parece não chegar e minha cabeça parece que vai explodir. Hoje, especialmente, meu estômago está em ruínas. Num cenário conflitante como este (o desejo de dormir e a imposição em ficar acordada) não me resta dúvidas de que devo acender a luz do quarto. E agora, santíssima paciência? Por onde começo? Banho? Internet? Livro? Televisão? Ou oração?


Em dados espaços vazios como esse eu escolho a oração, a conexão com o divino. Com concentração, sinto meu corpo inteiro vibrar em ondas ultrassônicas, sinto meus batimentos cardíacos e raro, sinto até a circulação sangüínea. Sinto minhas sinapses e tento acalmá-las, tentando pensar menos e sentir mais. Inicio a conexão e permaneço em estado de oração. Momentos únicos como esse são indescritíveis. Estabeleço a conexão e continuo buscando o sono sem desconectar, tentando o sono divino. No entanto, apesar de estar transformando um espaço vazio da madrugada em um sublime momento, hoje o sono não chegou, de jeito nenhum. Então, hoje me dei conta da ironia disso tudo: logo hoje em que o sono não vem mesmo, terminou o horário de verão, e , minha insônia ganhou 1 hora... Boa noite a todos e bons sonhos...

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Culinária para iniciantes


A culinária é uma arte. Dentre muitas artes, uma das mais saborosas. A arte está em transformar o jiló, o quiabo e a dobradinha em um manjar dos deuses ou em valorizar os sabores irresistíveis e evidenciar ricas sutilezas que encantam. A arte está na escolha, na quantidade e na combinação dos temperos. Na dose certa, somos todos cozinheiros. Incumbido de tal responsabilidade há que se esmerar e acertar nas escolhas dos temperos em nossas atitudes, pensamentos e discursos. Acredito que a pimenta não deve ser utilizada quando julgamos o outro em pensamento ou através de palavras, no entanto, generosas pitadas podem (e até devem) ser utilizadas na hora do amorzinho. O sal é indicado nos relacionamentos amorosos, na amizade, nos relacionamentos profissionais, na vida. Uma vida sem sal não traz nada de estimulante, mas cuidado, tudo em exagero não costuma dar certo. O azeite é indicado em situações de constrangimento, em situações delicadas em que se exige tato, e um azeite vai bem para ajudar. Azeite demais não é interessante, pessoas que vivem de excesso de azeite (escorregando aqui e ali) não passam despercebidas não. Gosto do limão ou do vinagre em algumas piadas, piadas ácidas. Cuidado com o humor ácido demais. O açúcar é bem vindo, um doce sorriso, uma doce conversa, uma pessoa doce... Como é bom! O gosto amargo que às vezes sentimos não causa bem estar. Mas doce, bem doce, (tão doce de “doer a garganta”) não tem quem agüente. Uma sobremesa agrada. Um melado? Nem sempre. Há que se pensar nos temperinhos que usamos. Há que se responsabilizar pelos dissabores que causamos. Há que se divertir com os sabores que inventamos.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Eu tenho um plano



Eu tenho um plano: podemos fugir.
Podemos fugir dos olhares maldosos, das palavras não pensadas, do frio e dos pensamentos rancorosos. Podemos fugir da mentira, das histórias mal contadas, dos desentendimentos, das discussões em vão, do calor e das fofocas. Podemos fugir da insegurança, do mal estar, da ressaca, da música ruim, da desonestidade, do medo, dos trovões, das noites mal dormidas, da violência e do excesso de sal. Podemos fugir das saudades, das expectativas, da falta de sorte, da falta de fé, da ignorância, da má digestão, do mal cheiro e da falta de educação. Podemos continuar fugindo e, quando cansarmos de fugir, podemos nos aquietar, nos aconchegar e nos confortar no caloroso e incomparável abraço um do outro. Assim tudo se resolve. Eis meu plano.