Nem sei por onde começar, tudo virou de ponta cabeça de vez. O que era meu eu não dei valor e me desfiz, o que eu estava conquistando eu dei um jeito de jogar bem longe, o que eu não queria eu atraí, novas possibilidades afastei, corri do que era certo e do que era errado, corri de mim mesma.
A palavra que mais amo e mais odeio é: solidão. Na solidão me encontro e na solidão me perco.
Essa mescla de amor e ódio me confunde tanto que eu não percebo onde estou, como estou e o que fazer. Odeio tanto a solidão que busco companhia a todo o tempo e a amo tanto que afasto tudo na mesma hora. Conheço pessoas que vivem sozinhas e adoram, conheço outras que vivem cercadas de gente e adoram. E eu? Onde eu fico?
Sempre brinco que existe uma lacuna no mundo, onde ficam as coisas que perdemos, as oportunidades que desperdiçamos, as coisas que jamais sentiremos e onde eu me escondo um pouco por dia. Sei que estou na lacuna quando não quero ficar sozinha de jeito nenhum e muito menos com alguém por perto... a lacuna é o vazio de viver sem saber como, de querer conviver e não se sentir confortável, de não suportar o incompleto. O mais difícil é saber como completar-se e se realmente existe uma forma. Quem sabe o mais difícil nem seja isso, seja eu conseguir parar de pensar nisso e ter calma pra ver as coisas acontecendo e permitir que fluam. Eu não deixo nada fluir, interrompo com um grito, com uma frase mal formulada, com uma atitude escrachada... por medo...por medo...por um terrível medo de estar no caminho certo e minha busca ter que acabar.
Eu sei que hoje estou na lacuna porque está doendo demais existir. Nada me alegra mais, nada me entristece mais... eu sou um poço de solidão, invadido por uma multidão vazia e esquecido nessa correria. Eu canso de correr porque quando estou pra alcançar eu mudo a direção e começo a correr no sentido contrário. Cansa ir e voltar, ir e voltar sem nada... ir e voltar com a sensação de ter tido medo mais uma vez de ir até o fim. Dói me transformar num monstro pra causar euforia e afastamento, dói me fingir de coitada pra atrair atenção, dói me esconder em mim mesma e não deixar ninguém me ver de verdade. Dói encarar as coisas como são, dói ver que poderia ser diferente, dói saber que a culpa é minha e só minha... Dói a mescla de amor e ódio pela solidão. Dói viver na lacuna..
Amo cada palavra sua. Seja mais assídua neste blog, por favor. E, ah, eu também sei, muito bem, como é viver na lacuna.
ResponderExcluirPuxa, que legal um comentário !! Adoraria saber quem eh!! Abraço!!!
ResponderExcluirA solidão é um lugar bom de visitar uma vez ou outra, mas ruim de adotar como morada...
ResponderExcluirCertíssimo Bruno!! Mas as vezes me desequilibro e Caio na lacuna....
Excluir"Quem sabe o mais difícil nem seja isso, seja eu conseguir parar de pensar nisso e ter calma pra ver as coisas acontecendo e permitir que fluam."
ResponderExcluir"Nem teus piores inimigos podem te fazer tanto dano quanto seus pensamentos" (Buda)
Você pensa de uma maneira tão parecida com a minha..
O vai e vem desta vagarosa solidão sai da minha volta rápido e à prova de que instantes de paz em dias de guerra acontecem quando mentes semelhantes trabalham juntas.
Somos tão diferentes que trilhamos caminhos únicos, que nos fazem parar em dúvidas ainda sem explicações. Difíceis de transcrevê-las, difíceis de se fazerem sentir...