segunda-feira, 20 de junho de 2011

Dose melancólica



Eu quero estar entre girassóis e tulipas, bromélias e gérberas, lírios...muitos lírios. Quero ver crianças soltando barquinhos de papel na correnteza de um límpido rio, torcendo junto a seus pais para que sigam sem afundar. Quero música, vozes afinadas, arranjos impecáveis. E quero aceitar o movimento contínuo dos relógios. Quero aceitar o prazo de validade das coisas. Quero aprender a conviver com lembranças...essas delícias não palpáveis. Quero tirar o nó da garganta. Quero parar de me lamentar pelas perdas e desfrutar mais das verdades do presente. Quero entender a sutileza dos sentimentos, a vulnerabilidade... Quero apreciar as artes sem sentir a dor por trás das poesias, ou melhor, não deixar que me envolvam a ponto de não ver as cores. Quero parar de me esconder e assumir minhas melancolias. Quero parar de querer e parar de frustar minha alma. Quero encontrar mais detalhes lindinhos da vida e esquecer que, em sua essência, a vida é triste. As pessoas, todas, convivem com dores diariamente, com frustrações, com decepções, saudades, vontades, arrependimentos. Quero desacelerar essa minha maratona desesperada e chorosa em busca de uma fuga. A vida é aqui e agora. E agora? Pra que lado devo olhar? Tudo parece triste e efêmero... Vou tomar uma dose de amnésia e esquecer a melancolia.

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