domingo, 25 de novembro de 2012

Verde e Amarelo

Eu nunca acreditei em nada porque não o fazendo eu não tenho chance de ser enganada. Autodefesa. Ceticismo. Realmente livrei-me de algumas emboscadas e rejeitei oportunidades garantindo menos dor (ou não... quem sabe recebi menos amor)
(Silêncio)
Hoje lembrei de uma coisa que ouvi há anos de um adolescente: "acredite nas pessoas, acredite nas possibilidades, acredite no que parece ser, acredite nas palavras que te dizem e nas promessas que te fazem. Entre de cabeça. Se você for enganada, pelo menos fez o que podia e saberá que a culpa não foi sua".
(Silêncio)
(Silêncio)
 Quando somos jovens é tão mais fácil sonhar, é tão mais fácil acreditar!
 Mais tarde conhecemos a decepção. Mais tarde passamos a encontrá-la semanalmente...
(Silêncio)
(Silêncio)
(Silêncio)
Quando somos adultos é tão difícil não sonhar e tão difícil não acreditar!
É tão dolorido não pisar firme com os dois pés, deixando um sempre atrás...

(SILÊNCIO)

Melhor fechar os olhos (como um adolescente) e arriscar para ver se dá certo? Ou fechar o coração (como um adulto) e arriscar nunca saber a resposta???

Medo de sentir dor?? Com medo ou sem medo vai doer quando tiver que doer.

(Estou começando a desistir da autodefesa e ter coragem de acreditar de corpo e alma que as pessoas têm mais cores, mesmo sabendo das vezes que me decepcionarei de verde e amarelo)
 
FOTO: Depois de andar na areia deixando um pé sempre atrás...

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Lacuna

Nem sei por onde começar, tudo virou de ponta cabeça de vez. O que era meu eu não dei valor e me desfiz, o que eu estava conquistando eu dei um jeito de jogar bem longe, o que eu não queria eu atraí, novas possibilidades afastei, corri do que era certo e do que era errado, corri de mim mesma.
A palavra que mais amo e mais odeio é: solidão. Na solidão me encontro e na solidão me perco.
Essa mescla de amor e ódio me confunde tanto que eu não percebo onde estou, como estou e o que fazer. Odeio tanto a solidão que busco companhia a todo o tempo e a amo tanto que afasto tudo na mesma hora. Conheço pessoas que vivem sozinhas e adoram, conheço outras que vivem cercadas de gente e adoram. E eu? Onde eu fico?
Sempre brinco que existe uma lacuna no mundo, onde ficam as coisas que perdemos, as oportunidades que desperdiçamos, as coisas que jamais sentiremos e onde eu me escondo um pouco por dia. Sei que estou na lacuna quando não quero ficar sozinha de jeito nenhum e muito menos com alguém por perto... a lacuna é o vazio de viver sem saber como, de querer conviver e não se sentir confortável, de não suportar o incompleto. O mais difícil é saber como completar-se e se realmente existe uma forma. Quem sabe o mais difícil nem seja isso, seja eu conseguir parar de pensar nisso e ter calma pra ver as coisas acontecendo e permitir que fluam. Eu não deixo nada fluir, interrompo com um grito, com uma frase mal formulada, com uma atitude escrachada... por medo...por medo...por um terrível medo de estar no caminho certo e minha busca ter que acabar.
Eu sei que hoje estou na lacuna porque está doendo demais existir. Nada me alegra mais, nada me entristece mais... eu sou um poço de solidão, invadido por uma multidão vazia e esquecido nessa correria. Eu canso de correr porque quando estou pra alcançar eu mudo a direção e começo a correr no sentido contrário. Cansa ir e voltar, ir e voltar sem nada... ir e voltar com a sensação de ter tido medo mais uma vez de ir até o fim. Dói me transformar num monstro pra causar euforia e afastamento, dói me fingir de coitada pra atrair atenção, dói me esconder em mim mesma e não deixar ninguém me ver de verdade. Dói encarar as coisas como são, dói ver que poderia ser diferente, dói saber que a culpa é minha e só minha... Dói a mescla de amor e ódio pela solidão. Dói viver na lacuna..